Relato de experiência

 

Trabalhar como psicóloga hospitalar é um tanto quanto desafiador – mas com certeza a experiência mais gratificante e transformadora que já vivi.  

Uma descrição perfeita para o que sinto, da célebre jornalista Daniela Arbex, diz: “Quando atravessamos a ponte para o coração do outro, somos os primeiros a ser transformados”. Eu aprendo muito com os pacientes, familiares e colegas e, constantemente, busco me atualizar e aperfeiçoar, para oferecer sempre o meu melhor a essas pessoas que vivem momentos de fragilidade, mas que podem, através do meu trabalho, ter um pouco de alívio e amparo na sua dor, sua angústia, seu sofrimento. 

Eu me orgulho muito da minha trajetória profissional, que já conta com sete anos, onde puder fazer diferença na vida de milhares de pessoas. 

Graças à gestão setorial de metas e indicadores, que eu aprendi graças a líderes competentes e dedicadas, eu pude contabilizar, ao finalizar minha trajetória no hospital em que trabalhei, mais de 29 mil atendimentos entre pacientes e familiares. São muitas vidas tocadas, cuidadas com humanidade, sensibilidade, ética e comprometimento. 

Como psicóloga hospitalar, busco compreender o paciente além do seu diagnóstico. Quando conheço um paciente novo, quero saber sua história, seus anseios, seus medos, seus sonhos, suas alegrias, quero saber quais são as pessoas mais importantes da sua vida, e pelo que vale a pena resistir bravamente em um tratamento de saúde que às vezes pode ser longo, dolorido. 

Como psicóloga hospitalar, eu busco ouvir de forma sensível e humana cada uma das pessoas que passa por mim, e não deixar que ruídos (internos ou externos) interfiram na minha avaliação, intervenção e conduta. 

Eu vejo a Psicologia Hospitalar como uma área com potencial pra trazer mais leveza e qualidade de vida às pessoas hospitalizadas, facilitando seus processos mentais, seus movimentos emocionais e de enfrentamento diante das adversidades que a doença traz. E além disso, como uma forma de oferecer dignidade e autonomia à pessoa que, no processo de adoecimento, às vezes não é vista ou considerada em sua individualidade, como é seu direito. 

Eu cuido de pessoas com diagnósticos de diferentes especialidades médicas que apresentam demandas emocionais, sociais e existenciais decorrentes do seu quadro clínico. Eu procuro acolher, escutar, apoiar, esclarecer, estimular e empoderar esses pacientes, ajudando-os a lidar com o diagnóstico, o tratamento, as limitações, as perdas, os medos, as angústias, os conflitos, os desejos, os sonhos, os projetos de vida. 

Eu também cuido dos familiares dos pacientes hospitalizados, que muitas vezes sofrem tanto ou mais que os pacientes pois, além de acompanharem a dor de ter alguém amado adoecido, suportam (ou buscam suportar) bravamente e ainda oferecem seu tempo, seu cuidado, seu afeto em situações que nunca imaginaram viver. Eu procuro ouvir, validar, fortalecer e ressignificar os sentimentos e as vivências desses familiares, facilitando o seu movimento e a sua participação no cuidado do paciente. 

Eu trabalho com diversas equipes e profissões diferentes, e procuro colaborar, integrar, capacitar e contribuir para a melhoria da comunicação, da cooperação, da qualidade, da segurança, da satisfação e do bem-estar no trabalho. 

O meu trabalho como psicóloga hospitalar é extraordinário e vai muito além de funções a desempenhar, números a atingir, resultados a apresentar. É transformador. É enriquecedor. É empoderador! 

Psicóloga Daniela Filipini
Especialista em Psicologia Hospitalar
CRP 08/40303