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Mostrando postagens de março, 2024

Relato de experiência: uma história sobre amor e esperança na pandemia do Covid-19

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Era domingo de manhã quando acordei com a ligação pesarosa de uma colega de trabalho – uma das nossas pacientes mais jovens (entre 20 e 25 anos) havia falecido por uma complicação do Covid-19. Esse dia representa o fim de uma história que há algumas semanas eu acompanhava assiduamente. Para preservar sua identidade, vou chamá-la de Juliana. Não consigo me lembrar exatamente quanto tempo levou entre a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o dia de sua morte, mas guardo comigo lembranças do que se passou no período em que pude acompanhar Juliana e sua família. Todas as tardes eu ligava para as famílias dos pacientes da UTI Covid-19, buscava conhecer sua dinâmica de vida, o vínculo estabelecido com o(a) paciente, sua experiência diante de tudo que estava acontecendo. Escutava e acolhia suas angústias e dúvidas, buscava sanar aquilo que estivesse ao meu alcance e, quando não era possível, pedia auxílio da equipe. Abro um parêntese para dizer que trabalhei ao lado de grandes pr...

Cuidados Paliativos - o cuidado da vida em cada detalhe, até o último momento

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    A Psicologia Hospitalar possui muitas possibilidades de atuação e, dentre elas, uma das que eu mais gosto é a de Cuidados Paliativos.  Algumas pessoas pensam que Cuidados Paliativos são sobre morte... eu gosto de dizer que são sobre vida e não apenas isso, mas sobre a preciosidade imensurável da vida quando temos consciência de que ela acaba e que está próxima de acabar.  Cuidados Paliativos são realizados por profissionais competentes, qualificados tecnicamente e sensíveis às necessidades e desejos da pessoa e sua família. Não dá para improvisar. É preciso dedicação, sensibilidade e coesão de equipe para promover vida até o último momento.  Me lembro até hoje (quase 8 anos depois), dos primeiros contatos que tive com pessoas em fim de vida, e de como isso me atravessou. Como é da minha natureza não deixar os incômodos pra lá, comecei a questionar, ler e estudar incansavelmente, na tentativa de sanar esse incômodo.  As pessoas em Cuidados Paliativos que...

Relato de experiência

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  Trabalhar como psicóloga hospitalar é um tanto quanto desafiador – mas com certeza a experiência mais gratificante e transformadora que já vivi.   Uma descrição perfeita para o que sinto, da célebre jornalista Daniela Arbex, diz: “Quando atravessamos a ponte para o coração do outro, somos os primeiros a ser transformados”. Eu aprendo muito com os pacientes, familiares e colegas e, constantemente, busco me atualizar e aperfeiçoar, para oferecer sempre o meu melhor a essas pessoas que vivem momentos de fragilidade, mas que podem, através do meu trabalho, ter um pouco de alívio e amparo na sua dor, sua angústia, seu sofrimento.  Eu me orgulho muito da minha trajetória profissional, que já conta com sete anos, onde puder fazer diferença na vida de milhares de pessoas.  Graças à gestão setorial de metas e indicadores, que eu aprendi graças a líderes competentes e dedicadas, eu pude contabilizar, ao finalizar minha trajetória no hospital em que trabalhei, mais de 29...

Psicologia Hospitalar Centrada na Pessoa – um jeito de ser e cuidar!

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   A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) surge a partir dos estudos de Carl Rogers, na década de 1940, desafiando os modelos da época e sendo considerada uma teoria revolucionária!    Rogers propõe uma visão de ser humano com uma tendência natural a busca pelo desenvolvimento e crescimento, bem como com capacidade de autorregulação. Sua teoria apresenta-nos uma forma de cuidado psicológico através da relação entre psicólogo e paciente, onde o psicólogo precisa desenvolver em si atitudes como a congruência, a empatia e a consideração positiva incondicional pelo ser humano. Através dessas atitudes, o psicólogo cria um ambiente terapêutico e facilitador, estabelecendo uma relação segura e terapêutica.      Ouso afirmar que a ACP é necessária ao contexto hospitalar, visto que vê o ser humano além do diagnóstico que o acompanha, não considerando-o como alguém passivo e submisso, desafiando assim o modelo médico tradicional, e empoderando o paciente como algu...